quarta-feira, 17 de abril de 2013

Dia do santo guerreiro



Santo muito popular no Brasil, São Jorge é cultuado por católicos, umbandistas e batuqueiros. Sua imagem pode ser encontrada em espaços sagrados, em ambientes públicos e locais privados. Pensar nos significados da devoção ao santo para diferentes religiões auxilia a compreender as peculiares características do culto, a conhecer a devoção e a repudiar preconceitos e intolerâncias.
Para os católicos, Jorge da Capadócia teria sido um destacado cavaleiro na Antiguidade, capitão do Exército do imperador romano Diocleciano, com o qual se desentendeu em defesa do Cristianismo, dando sua vida pela fé cristã. Durante a Idade Média, a devoção ao santo se propagou por toda a Europa, tornando-se padroeiro da Inglaterra e também de Portugal. Neste país, foi identificado como o protetor real na fundação do reino, sendo homenageado com a construção do “Castelo de São Jorge” e com a inclusão da imagem na procissão do Corpo de Deus.
No Brasil colonial, a imagem adornada do santo montado em seu cavalo seguia cortejo pelas ruas das cidades com acompanhamento de cavaleiros e bandas musicais. Fogos de artifício e ornamentos diversos completavam as demonstrações de devoção vivenciadas de modo festivo. Nos dias atuais, ainda é muito venerado. No culto católico, São Jorge protege os homens da perseguição dos inimigos, “ilumina” os caminhos e fortalece os ânimos nas “lutas da vida”, tal como o mártir teria vencido o dragão.
Em muitas partes do Brasil, São Jorge foi identificado a Ogum, o orixá valente do ferro e da guerra para as religiões de matriz africana.  Na África, Ogum teria sido um rei iorubá forjador de armas e instrumentos de ferro, como a espada, a lança e o escudo. Estes seriam os símbolos deste orixá que, segundo a mitologia africana, ensinou os homens a dar forma ao ferro em fogo e a desbravar os caminhos com determinação. Nos cultos afro-brasileiros, Ogum é protetor, zelador, defensor, que estabelece a ordem das coisas. Tido como um santo de grande valentia, destreza e atrevimento, foi cultuado como o santo guerreiro, venerável combatente na proteção dos fiéis.
No Brasil, o culto a Ogum, tal como as religiões afro-brasileiras em geral, foram, durante muito tempo, reprimidas e perseguidas. Os devotos encontraram no culto ao santo uma forma positiva de abrigar seu orixá e defender sua fé. Hoje, quando é cada vez mais comum o diálogo inter-religioso, divulgar o dia 23 de abril, dia de São Jorge/Ogum, é uma oportunidade de conhecimento desse culto e de respeito à fé de cada um. Salve Jorge! Ogunhê!

Mauro Dillmann
Publicado no jornal VS, em 15 de abril de 2013

Um comentário:

  1. É como diz Aline, da Cidade das Pirâmides, “Entidades são nossas identidades ligadas aos seres da natureza, Orixás e Raios por sintonia de vibração”. Salve Ogum!!! Gostei muito do blog. Vocês conhecem o Programa De Olho No Mundo?(www.deolhonomundo.com) Aline em seu programa analisa a essência humana, o mundo, astrologia, fenômenos ocultos..., em sua plenitude. Tenho certeza que vocês gostarão. Abraços.

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